segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Entre o que pensamos e o que fazemos...

Por Alessandra Monteiro Mazzei de Campos

Outro dia, conversando com uma formadora que admiro muito e que estava me dando muitas dicas de trabalho com sequência de atividades para crianças da Educação Infantil, fiquei me perguntando muitas coisas.
Conforme ela me orientava e me abria os olhos sobre procedimentos que eu poderia ter adotado e não adotei, passava pela minha cabeça: mas como eu não fiz isso, como não aproveitei melhor o potencial da crianças, como não fiz exatamente o que havia me proposto e, que, no caso, era ampliar o repertório cultural do meu grupo? E o pior, como eu achava que estava alcançando meu propósito quando não estava?
A gente estuda, faz curso aqui, curso lá, lê, conversa com gente que nos acrescenta um monte de idéias, pensa a respeito de como elaborar e trabalhar bons projetos didáticos e sequencias de atividades, mas, na hora H, ainda temos dificuldade em transformar conhecimentos e ideais de educação em práticas enriquecedoras de sala de aula.
É claro que acredito que já avancei muito e sinto prazer em desenvolver atividades e projetos com características que chegam bem próximas àquilo que acredito em educação, mas ainda percebo muitos limitadores de minha própria construção como professora.
Medo, insegurança, falta de preparo? Bom, um misto de tudo. Medo porque sempre amedronta aquilo que é diferente do que vivemos e a Escola que eu estudei é bem diferente da Escola que eu trabalho. E Escola com letra maiúscula mesmo, no sentido de instituição.
A Escola tem sofrido muitas transformações e, mesmo correndo o risco de ser uma Poliana, acredito que muitas foram positivas. Digo pensando no histórico da Educação Brasileira, quando o acesso a educação formal estava totalmente restrita a pessoas muito abastadas. Bom, e hoje em dia? A escola não favorece quem é mais abastado? Sim, mas ela avançou no sentido de estender a todos. O passo seguinte é que sejam alcançados níveis de excelência no ensino sem diferenças gritantes entre níveis sociais. Mas, sendo otimista, penso que estamos caminhando (a que passos eu não vou julgar agora) e vivemos o ensino obrigatório a todos garantido pela legislação.
Finalmente, a educação começa a ser melhor discutida, alguns pressupostos questionados, outros paradigmas quebrados e o ensino, em breve, deixará de ser apenas legalmente obrigatório, mas qualitativamente eficiente. Espero!
Mas, mesmo assim, eu, professora, embora estude, embora aprecie minha profissão, embora queira evoluir, me vejo tendo posturas que gostaria de modificar, me prendo em modelos, penso em estratégias de ensino e procedimentos, mas atuo de maneira tradicional e arcaica.
O que precisamos fazer para modificar ações?
Mesmo sendo crítica comigo mesmo, o caminho talvez seja esse mesmo e, assim como a Educação de forma geral precise seguir certas trilhas para ser ao mesmo tempo universal e de qualidade, eu precise primeiro estar muito sedimentada em minhas convicções pedagógicas, precise testar e experimentar muitas situações em que perceba, no meio do processo (ou até no final) o que e como poderia fazer diferente e melhor.
Se a criança passa pela elaboração de diversas hipóteses de escrita para chegar na convencional, talvez eu deva admitir a mim mesma que preciso passar por etapas de hipóteses de "como ensinar bem" para chegar ao ideal que acredito.
Ninguém nasce pronto, não é mesmo!
O que tiro dessas reflexões é que cada vez mais acredito na Avaliação.
Eu não poderia ter momentos de crítica e reflexão se não tivesse instrumentos de avaliação que me permitissem perceber se a minha intenção didática foi alcançada, se as atividades foram pertinentes e enriquecedoras ou se eu apenas reproduzi um modelo e as crianças não avançaram tudo o que podiam. Avaliar é preciso! Refletir é preciso!Se rever é preciso! E a formação é essencial!

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