POR: Alessandra Monteiro Mazzei de Campos
Professora e Coordenadora Pedagógica
A prefeitura de São Paulo, desde 2007, tem um programa denominado " Aprendendo com Saúde".
Do que se trata?
Médicos e uma equipe administrativa e de enfermagem vão às escolas para atender os alunos da rede, sendo que a escola se organiza em termos de espaço, documentação e tempo para recebê-los.
O que fizemos em nossa escola?
Duas semanas antes marcamos reuniões com os pais para explicar o programa, solicitar os documentos necessários e coletar as autorizações necessárias.
Na semana anterior, enviamos todos os bilhetes com o agendamento do dia e hora em que o aluno seria atendido.
Preparamos uma linha de tempo adaptada à nova condição, já que teríamos que ceder quatro salas de aula para o atendimento médico.
Organizamos os espaços que deixaríamos para o uso dos alunos de forma a garantir condições de trabalho ao professor.
Preparamos os documentos dos alunos, separando individualmente em sacos plásticos os prontuários e agrupando-os por turma e turno.
Preparamos senhas, tomamos fôlego e lá fomos nós.
E ,graças ao esforço de professores, coordenação, direção, agentes e toda equipe escolar conseguimos receber o programa e, muito importante, conseguimos manter o nosso trabalho com dias o mais produtivos possíveis.
Em muitos momentos, temos algumas dúvidas sobre o atendimento médico dentro da unidade escolar, já que sabemos que isso afeta diretamente a rotina e o andamento dos trabalhos dentro da escola. Durante duas semanas, nos mobilizamos para isso e, em muitos momentos, deixamos de atender questões escolares para nos concentrar em organização de documentos e organização diferenciada de espaços e tempos. Mas, por outro lado, embora desejássemos que esse atendimento fosse dado no posto de saúde mais próximo, também percebemos que, sendo na escola, a frequencia dos alunos no programa é garantida e mais crianças são atendidas. Além disso, não podemos negar que a qualidade do serviço é impecável...os médicos viram a criança de cabeça pra baixo, no melhor sentido da expressão, encaminham para o especialista, enfim oferecem atendimento de qualidade.
Vincular um programa de saúde ao espaço escolar nos restringe, mas não somos insensíveis em perceber que crianças com boas condições de saúde aprendem melhor, aproveitam melhor as atividades propostas e são, em potencial, mais ativas e dinânicas. Portanto, por quase três semanas lidamos com situações que extrapolam o universo escolar e depois pretendemos colher os frutos com alunos mais saudáveis que aprenderão melhor e aproveitarão melhor as oportunidades escolares.
E é assim com esse espírito de credibilidade no que pode ser o melhor para o aluno a longo prazo que cedemos o espaço, o tempo, a disponibilidade, as organizações temporárias e outros fatores.
Num certo idealismo, gostaríamos que o espaço e o tempo escolar fosse mais preservado, que não houvesse entrega de leite, atendimento médico e outros programas dentro da escola. Que programas de saúde fossem realizados nos postos, que programas sociais fossem realizados nas Secretaria de bem - estar social. No entanto, pensamos: a abrangência do atendimento seria tão eficaz?
Somos ainda idealistas, no entanto, com o pé no chão suficiente para perceber que a escola ainda é o atualmente o melhor lugar para cuidar da criança. Além é claro de sua função primordial: o educar, é claro.